Deficiência de ferro pode mudar o sexo biológico de embriões de ratos

Pesquisadores japoneses descobriram que os níveis de ferro em ratinhas gestantes podem influenciar no desenvolvimento do sexo biológico da prole. O estudo, que foi publicado na revista Nature na última quarta (4/6), mostra que a falta do nutriente fez com que embriões masculinos apresentassem características femininas.

Ainda não se sabe se a quantidade de ferro no sangue de mulheres grávidas faz diferença no sexo do bebê, como acontece com os ratinhos. Nos animais, o cromossomo Y tem um gene chamado Sry que, quando ativado, desencadeia a criação dos testículos. Se não estiver presente (como acontece com as fêmeas, que têm dois cromossomos X), os ovários se desenvolvem.

Os cientistas deram uma dieta deficiente em ferro para as ratinhas um mês antes de elas engravidarem e por duas semanas depois. Elas foram comparadas com animais alimentados com dieta normal.

Camundongos com redução de 60% na concentração de ferro no nível celular tinham um silenciamento do gene Sry durante o desenvolvimento do feto. Os pesquisadores perceberam que seis de 39 embriões machos nascidos de ratinhas com falta de ferro tinham ovários totalmente formados. Também nasceu um animal interssexo, com um ovário e um testículo.

A pesquisa também retirou totalmente o ferro de um grupo de camundongos e, neste cenário, cinco dos 72 embriões masculinos nasceram com órgãos sexuais femininos.

“Este é um resultado científico notável, e as descobertas são novas, inesperadas e muito claras”, diz o professor Peter Koopman, um dos autores do estudo, em entrevista à Universidade de Queensland, na Austrália. “O desafio que temos pela frente é determinar se e em que situações os resultados são aplicáveis ​​a gestações humanas, mas, neste ponto, é razoável sugerir que a atenção à ingestão de ferro na dieta pode ser uma medida de precaução prudente para todas as gestantes”, afirma.

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