Bolsonaro afirma que golpe de Estado é abominável: “Não foi cogitado”
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é interrogado na Primeira Turma do STF, na tarde desta terça-feira (10/6)
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Após os interrogatórios do ex-comandante da Marinha almirante Almir Garnier, do ex-ministro Anderson Torres e do general Augusto Heleno, na manhã desta terça-feira (10/6), a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) começou a interrogar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta tarde. O ministro Alexandre de Moraes, do STF, conduz a oitiva.
Ao ser questionado por Moraes sobre uma possível trama golpista para anular as eleições presidenciais de 2022 durante o seu governo, Bolsonaro afirmou que a ideia de golpe de Estado é algo abominável. Veja momento:
“Da minha parte e dos militares, nunca se falou em golpe. Golpe é uma coisa abominável. O golpe até seria fácil de começar, é o after day [depois do dia, em tradução livre] que é simplesmente imprevisível. O Brasil não poderia ar com uma experiência dessa, não foi sequer cogitada essa hipótese de golpe no meu momento”, ressaltou.
Voto impresso
Bolsonaro abriu o interrogatório traçando uma linha do tempo da própria carreira política, na qual levantou a questão de que a desconfiança das urnas eletrônicas não é algo exclusivo dele. “Flávio Dino, em 2010, quando perdeu a eleição no governo do Maranhão, disse: ‘Hoje, fui vítima de um processo que precisa ser aprimorado’. [Perguntaram:] ‘O senhor acredita que houve fraude?’ ‘Houve várias fraudes.’ Palavras do senhor Flávio Dino”, afirmou.
O ex-presidente também citou realizações de seu governo, como obras de pontes, dando um tom político ao início do interrogatório.
“Fui conversar com Luiz Fux (à época presidente do TSE) sobre essa questão, e ele me mostrou que 5% no Brasil teriam voto impresso e que, depois, ia chegar a 100%. Fiquei feliz. Fux me tratou bem, mas depois o STF declarou o voto (impresso) como inconstitucional, pois poderia ferir a segurança das eleições.”
Pela manhã, foram interrogados o ex-comandante da Marinha almirante Almir Garnier, o ex-ministro Anderson Torres e o general Augusto Heleno.
O interrogatório de Bolsonaro começou por volta das 14h30. Ele é um dos oito réus investigados por supostamente tramarem um golpe de Estado no Brasil. O ex-presidente pertence ao núcleo 1, também chamado de núcleo crucial do caso, conforme denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR).